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domingo, 10 de junho de 2012

O corretor de imóveis que governou SP


A especulação imobiliária atinge níveis inimagináveis em São Paulo, o corretor imobiliário Gilberto Kassab, devolve os favores aos seus financiadores de campanha sem qualquer critério passando por cima da lei: “Os títulos permitem à iniciativa privada construir acima da metragem estabelecida na lei de zoneamento”.

A prefeitura não estabelece critérios para essa compactação populacional. Não se importa em melhorar as precárias estruturas existentes e autoriza indiscriminadamente as obras das construtoras, acentuando ainda mais esse processo neste período de apagar das luzes da administração de Gilberto Kassab.  ”O novo estoque residencial ainda representa 59% dos 3,11 milhões de m² edificados em toda a capital paulista em 2011 — foram 443 prédios no ano passado, com 38.149 apartamentos, segundo a Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp)”.

Os empreendimentos priorizam uma faixa específica de consumidores, proibitivos para a classe C, tornando os bairros centrais, locais com maior oferta de empregos, escolas, postos de saúde, transporte e segurança, inacessíveis para o cidadão de renda menor. Ou seja, não há preocupação com a mescla social, descaracterizando por completo os bairros atingidos, tornando esses locais eleitos pela especulação imobiliária, um oásis de riqueza dentro da cidade.

Dessa forma, os novos moradores que chegam a esses empreendimentos, com seus automóveis particulares, convênios médicos, instalando-se em condomínios com segurança privada, não trazem muitas queixas à prefeitura. Eles dependem bem menos dos aparelhos municipais. O pobre por sua vez, cada vez mais distante do centro, perde tempo nos trens e no metrô em colapso e pouco comove a opinião pública elitizada com seus apelos por segurança, hospitais, escolas. Essa é a cidade preconizada pelo consórcio Serra/Kassab, em mais uma frente de batalha no seu desenfreado processo higienista.

Edificações antigas vem abaixo, prédios históricos como o casarão da rua João Moura, vão para a caçamba passando por cima de liminar da justiça. Famílias inteiras são retiradas de favelas em inúmeros incêndios suspeitos. Não são exigidas as necessárias contra-partidas para minimizar o impacto dessas obras. “A dúvida de especialistas, porém, é se a chegada de novos prédios vai se reverter em melhorias para a população, o que não ocorreu nos primeiros 17 anos da Operação Urbana Água Branca. O corredor comercial que se consolidou na última década na Avenida Francisco Matarazzo ainda não se reverteu em obras e benefícios viários e urbanísticos, como previa o projeto original de 1995.”
Não vejo a oposição mobilizada e com força suficiente para tentar barrar as infames operações urbanas, que tem na Nova Luz, um símbolo de desrespeito e agressividade contra cidadãos paulistanos e seu patrimônio arquitetônico.

Texto publicado no site Viomundo em 17 de abril de 2012

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